Resumo
Objetivo: avaliar os efeitos psicológicos da pandemia da COVID-19 sobre as pacientes com endometriose no que tange à falta de acesso ao tratamento de sua enfermidade e se houve piora da sintomatologia das mesmas durante esse período. Como objetivo secundário há a análise se a infecção viral pode ter piorado o quadro álgico da paciente, visto que ambas são doenças inflamatórias. Método: Estudo observacional, transversal, realizado com 80 pacientes atendidas no ambulatório de endometriose de um hospital universitário entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021, através de preenchimento de questionário. Os dados foram analisados e gráficos realizados através do Excel. Resultado: Da população estudada, a mediana de idade foi de 39 anos, cuja maior parcela estudou até ensino médio completo (67,1%) e tem renda familiar até 2 salários mínimos (72,4%). Dentre as comorbidades o que se destacou foram as afecções psiquiátricas (43,6%). Mais da metade (58,8%) das pacientes relatou conseguir manter seu tratamento durante a pandemia e 91% relataram que iriam às consultas caso não fossem suspensas. A piora da queixa álgica ocorreu em relação à dor pélvica, com média de 7 em escala de zero a 10. Houve baixa prevalência de pessoas infectadas pelo vírus (4) e, dentre estas, a maior parte não relatou piora da dor. Conclusão: Durante a pandemia, houve piora de queixa álgica pelas pacientes com endometriose, principalmente relacionadas à dor pélvica crônica. Entretanto, essa piora não parece estar relacionada à infecção viral, contudo a amostra foi pequena, o que pode interferir nos resultados. Há alta prevalência de doenças psiquiátricas, principalmente ansiedade e depressão, nas pacientes com endometriose. Durante a pandemia acredita-se que o isolamento pode ter piorado tais comorbidades. Acredita-se, portanto, que a piora da dor relacionada à pacientes esteja relacionada a distúrbios psicológicos.