Assunto
Isthmocele, Abnormal uterine bleeding, Infertility, Histeroscopy, Scar cesarian syndrom, Ectopic pregnancy
Resumo
Objetivo do estudo: O aumento das taxas de cesariana levou ao surgimento de uma nova afecção conhecida como istmocele ou retração cicatricial de cesariana e que cursa com complicações que prejudicam a qualidade de vida da mulher. Os principais sintomas são o sangramento uterino anormal, infertilidade, dor pélvica e gestação ectópica, que se apresentam, em geral, como diagnóstico de exclusão. O estudo tem como objetivo realizar uma revisão das principais complicações existentes relacionadas a istmocele avaliando as possibilidades terapêuticas com foco na melhora da qualidade de vida dessas pacientes. Desenho do Estudo: Revisão sistemática de 10 artigos encontrados na base de dados da Pubmed e Cochrane apresentando como critérios de inclusão pacientes com sangramento uterino anormal (SUA), infertilidade secundária, prenhez ectópica e a abordagem para o tratamento da afecção. Tais mulheres deveriam ter até duas cesarianas anteriores e que apresentar alguma queixa clínica que pudesse estar relacionada a repercussão da cicatriz retrátil de cesariana. Como critérios de exclusão usamos pacientes que não tinham história de cesariana, assintomáticas, aquelas que possuem causas orgânicas que justifiquem as queixas citadas, portadoras de coagulopatias e menopausadas. Resultados: Foram encontrados 08 artigos na Cochrane e 19 artigos no Pubmed, sendo selecionados 10 artigos que preencheram os critérios de inclusão do presente estudo. Esses artigos evidenciaram correlação das queixas clínicas com a presença da istmocele, sendo consideradas complicações dessa afecção. Dentre as queixas clínicas a mais frequente era o sangramento uterino anormal, seguido de infertilidade e dor pélvica crônica. Estudos observacionais mostram que o sangramento uterino anormal aparece em 73% podendo chegar a 89% dos casos; a incidência de dismenorréia variando de 33% a 56% dos casos e dor pélvica crônica presente em 22% a 44,4% das pacientes com quadro de istmocele. Os estudos que avaliaram a infertilidade obtiveram sua incidência em 100% dos casos. Em relação ao achado de gestação ectópica em RCC é um evento raro, de difícil condução e diagnóstico. Existe uma correlação desses casos com o aumento do uso de técnicas de reprodução assistida, havendo em geral desfecho negativo, de difícil manejo, devendo ser avaliado perfil da paciente e posterior desejo de gestação. Conclusão: Ainda não há um protocolo rígido de investigação da doença, porém, sabe-se que muitas queixas clínicas já se associam a afecção e que são passíveis de melhora após a realização do tratamento pela cirurgia minimamente invasiva. Embora os resultados sejam encorajadores, mais estudos com coortes maiores precisam ser realizados para confirmar a melhora dos sintomas, a segurança dos procedimentos e o impacto na fertilidade a curto e longo prazos.