Repositório Institucional - RI

Midríase não reativa durante infusão contínua de bloqueadores neuromusculares em pacientes com COVID-19: revisão de escopo

José Augusto Duarte Neto, Juliana Teixeira Rodrigues Reis

Por

Brasil

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora

Medicina Intensiva

FCMS/JF

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Midríase, Pupila, COVID-19, Bloqueadores neuromusculares

During the Covid-19 pandemic, patients developed Acute Respiratory Distress Syndrome and required the use of neuromuscular blocking infusions to prevent complications related to mechanical ventilation. Even though neuromuscular blockers were believed to be incapable of crossing the bloodbrain barrier, several patients had non-reactive fixed mydriasis after rocuronium infusion, something that had not been seen as an adverse reaction to the drug. The purpose of this scoping review was to generate hypotheses about the etiology of this phenomenon. The most relevant studies published originally in English between 2019 and 2022 were analyzed, using the MEDLINE database as a reference. Through a scoping review, reports and case series were demonstrated in which patients, without prior focal deficits, presented with bilateral fixed mydriasis after the start of continuous rocuronium infusion, without changes in complementary exams that justified such condition, with return of to be isophotoreactivite after neuromuscular blockade suspension. The analyzed studies support the direct association between Covid-19 infection, which may have led to alteration of the blood-brain barrier permeability. This process allowed rocuronium to enter the central nervous system, causing a bilateral fixed mydriasis, without representing a worse neurological prognosis in these cases. Therefore, the establishment of a differential diagnosis for a sign that could correspond to a serious neurological injury through the knowledge of an adverse drug event is of great value in the management of the critically ill patient.

Durante o enfrentamento da pandemia de Covid-19, pacientes desenvolveram quadro de Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo e necessitaram utilizar infusões de bloqueadores neuromusculares para evitar complicações relacionadas ã ventilação mecânica. Mesmo acreditando-se que os bloqueadores neuromusculares eram incapazes de ultrapassar a barreira hematoencefálica, vários pacientes apresentaram midríase fixa não reativa após infusão de rocurônio, reação adversa até então não associada ao fármaco. O objetivo desta revisão de escopo foi levantar hipóteses sobre a etiologia desse fenômeno. Foram analisados os mais relevantes estudos publicados originalmente em inglês, entre os anos 2019 e 2022, tendo como referência a base de dados MEDLINE. Através de uma revisão de escopo foram demonstrados relatos e séries de casos em que pacientes, sem déficits focais prévios, cursaram com midríase fixa bilateral após início de infusão contínua de rocurônio, sem alterações em exames complementares que justificassem tal condição, retornando a isofotorreatividade após suspensão do bloqueio neuromuscular. Os estudos analisados vão ao encontro da associação direta entre a infecção pela Covid-19 e a alteração da permeabilidade da barreira hematoencefálica. Esse processo permitiu a entrada do rocurônio no sistema nervoso central, gerando um quadro de midríase fixa bilateral, sem que represente pior prognóstico neurológico nesses casos. Portanto, o estabelecimento de um diagnóstico diferencial para um sinal que poderia corresponder a uma lesão neurológica grave através do conhecimento de um evento adverso de um fármaco, é de grande valia no manejo do doente crítico.