Resumo
Do ponto de vista dos serviços de saúde, a ferida constitui um problema marcante para a Saúde Pública, envolvendo recursos humanos, tecnológicos e financeiros apropriados, gerando para o Estado investimentos dispendiosos anualmente e sendo o responsável pelo afastamento de trabalhadores de suas atividades laborais. Historicamente, o tratamento de lesões crônicas foi sempre motivo de preocupação. Por muitos anos, acreditou-se que as feridas deveriam ser mantidas limpas e secas, usavam-se, assim, soluções anti-sépticas (soluções essas nem sempre facilitadoras de cicatrização). Algumas das concepções vigentes tiveram início no século XVIII com Pierre Josephy Desault, o primeiro a indicar o desbridamento, dizendo que a retirada de tecido morto nas feridas permitia a cicatrização (DEALEY,1996). Como profissionais que atuam na área de saúde, temos percebido que as feridas constituem um desafio, uma vez que as intervenções terapêuticas de impacto envolvem ações multiprofissionais, trazem à tona a dimensão holística do ser humano, requerem conhecimentos especializados, atualização técnico-científica e acompanhamento terapêutico periódico. Em nossa experiência, a papaína é utilizada para desbridamento de tecidos desvitalizados, pois observamos que ocorre o descolamento do tecido necrótico, provocando o favorecimento da uma limpeza do leito da ferida, não traumática e sem prejuízo ao paciente. Nossa motivação para este trabalho surgiu da necessidade de oferecer uma base científica para essa utilização, pois apesar de quase duas décadas de utilização da papaína no tratamento de feridas, encontramos resultados positivos na cicatrização de várias lesões onde já haviam utilizados diferentes alternativas terapêuticas convencional, com pouco êxito Desde os primeiros anos da graduação, a temática tratamento de feridas me despertou interesse. Sempre vi como um desafio, pois muitas vezes o cuidado dispensado a esses pacientes não levavam a cicatrização da ferida.